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Olá, sou brasileiro e moro na divisa do Estado de São Paulo com Minas Gerais, exatamente na curva do Rio Grande e numa volta de seu grande lago, na cidade turística de Guaraci de onde escrevo esse Blog. Sou formado em agronomia e nasci em 1952

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Elementos arquitetônicos da Igreja Matriz de Guaraci-SP



Esta postagem pretende mostrar os elementos arquitetônicos que compõem nossa igreja matriz com mais atenção. Nossa matriz é um ícone guaraciense, um marco histórico-cultural de nossa cidade. Ao hábito de olharmos para igreja como um todo, ficamos naturalmente despercebidos dos elementos que caracterizam sua arquitetura.


Vista aérea de nossa Matriz _gentileza de Fotodrones Guaraci


A planta baixa da matriz apresenta a forma de cruz latina. Seu corpo é composto de nave única e o teto do altar concebido em abóbada ogival. As duas sacristias foram anexadas ao corpo do altar pela parte externa. Sua construção foi iniciada em 1953, e levou mais de vinte anos para ser sagrada (1974), ainda inconclusa, a igreja foi totalmente concluída em 1976. 


Planta baixa esquemática sem escala


A obra começou nos fundos da antiga igreja e pela parte mais difícil da planta, erguer a estrutura para dar suporte à cúpula. Enquanto seguiam as obras, as atividades paroquiais continuaram sem interrupção, ora no interior da igreja antiga, enquanto permitia, ora em outras partes adaptadas.


A antiga igreja e a construção da abóbada
 
Matriz em 1976

A singularidade da arquitetura das igrejas do interior
As réplicas de plantas arquitetônicas entre as igrejas são muito raras, pode haver semelhanças entre as construções, porém com diferenças suficientes para que cada uma se apresente como única, de acordo com os elementos que dão forma a seu projeto. O que há de comum são os padrões mínimos a serem seguidos, requeridos pelo Clero. A singularidade de cada construção fica por conta das opções geradas pela arquitetura secular das igrejas, que ao longo do tempo foram deixando suas marcas em cada um dos períodos históricos, criando novos e diferenciados estilos. Uma riqueza arquitetônica conquistada ao longo dos séculos. Com isso, muitos elementos arquitetônicos foram aproveitados e ainda o são, de acordo com as preferências e necessidades de cada local.

Apenas a título de exemplo, observe a diversidade das igrejas, no site da Panoramio nas postagens de Vicente A. Queiroz; nele você poderá ver semelhanças e diferenças arquitetônicas, em mais de 350 imagens de igrejas do Estado de São Paulo. Na página 15, está a igreja de Guaraci-SP.
Confira no link abaixo:

Os principais estilos arquitetônicos de igrejas podem ser descritos, resumidamente na linha do tempo (datas aproximadas), como:
-Inicia com a arte bizantina com o imperador Constantino (reinado do período de 306–337) até o séc. XV;
-Passa pela românica (entre os séc. X e XII, e se estende), período em que há grande expansão do cristianismo;
- Ganha sofisticação com o gótico (entre os anos 1380 e 1500);
- Segue, o renascentista ou clássico (entre os séc. XIV ao XVI); o barroco (entre os anos 1600 e 1750, no Brasil mais tardiamente); o neoclássico (entre os anos 1750 e 1850); o neogótico (entre os anos 1750 e 1900, e se estende), o moderno (séc XX), entre outros estilos.

Principais estilos arquitetônicos das igrejas na linha do tempo


A arquitetura românica
Na era medieval, as igrejas eram construídas de pedra, tanto no período românico como no gótico. O período românico é um marco de uma grande expansão do cristianismo, quando as igrejas começam a ser introduzidas nas pequenas cidades do interior dos países europeus. Muitas igrejas deste período, como esta, ainda estão abertas a visitação.



 
          Igreja românica de Nossa Senhora de Azinheira, Outeiro Seco, Portugal.


Neste exemplo de igreja do século XV, de arquitetura românica, aparece um arco de volta perfeita na entrada da igreja, um arco clássico. Note também, que o portal está ornamentado com três arquivoltas. Detalhe esse, inspirado na arquitetura gótica, que colabora com a valorização arquitetônica dessa igreja de linhas simples.

Arquitetura gótica aplicadas às catedrais
 
Catedral de Colônia na Alemanha

Note neste recorte da fachada da Catedral de Colônia, o grau de sofisticação e detalhamento que chegou o estilo gótico. Localizada na cidade alemã de Colônia, a catedral representa o marco principal da cidade. A construção desta igreja começou em 1248.  Algumas catedrais importantes do período gótico e a data do início das construções: Catedral de Chartres em Chartres (1145), França; Catedral de Notre-Dame (1345) em Paris, França; Catedral de Milão (1386) em Milão, Itália; Catedral de São Vito (1344) em Praga, República Tcheca; entre muitas outras. Vale dizer que o estilo gótico original serviu às catedrais.



Características gerais da arquitetura gótica:
Fonte: Wikipédia
- Verticalismo dos edifícios substitui o horizontalismo do Românico; 
- Paredes mais leves e finas;
- Contrafortes em menor número;
- Janelas predominantes;
- Torres ornadas por rosáceas;
- Utilização do arco ogival;
- Consolidação dos arcos feita por abóbadas de arcos cruzados ou de ogivas;
- Nas torres (principalmente nas torres sineiras) os telhados são em forma de pirâmide.










Catedral de Notre-Dame, Paris, onde se pode ver os arcobotantes, os contra-fortes, os pináculos e os arcos ogivais



Veja mais sobre arquitetura gótica aqui:

Arquitetura noegótica
A arquitetura e a escultura românticas se caracterizaram por sua linguagem nostálgica e pelo resgate do estilo gótico. O Neogótico ou revivalismo gótico é um estilo de arquitetura revivalista originado em meados do século XVIII na Inglaterra. No século XIX, estilos neogóticos progressivamente mais sérios e instruídos procuraram reavivar as formas góticas medievais, em contraste com os estilos clássicos dominantes na época. O movimento de revivalismo gótico teve uma influência significativa na Europa e nas Américas, e talvez tenha sido construída mais arquitetura gótica revivalista nos séculos XIX e XX do que durante o movimento gótico original.
Veja mais aqui:
Arquitetura neogótica no Brasil









Catedral da Sé – São Paulo
Edificações góticas autênticas não existem no Brasil, mas o revivalismo neogótico popularizou-se a partir do reinado de Pedro II. Algumas igrejas neogóticas brasileiras: Catedral de Petrópolis (1884-1925), no Rio de Janeiro; Igreja do Santuário do Caraça, em Minas Gerais (1860-1885); Catedral da Sé de São Paulo (1913-1954); Catedral de Santos (1909-1967); Catedral Metropolitana de Vitória (1910)-(1970); Catedral de Belo Horizonte (começada em 1913) e a Catedral Metropolitana de Fortaleza (1938-1978).

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No Brasil, segundo WJ Manso de Almeida, em Capelas e pequenas Igrejas: “ao longo do século XIX e princípios do século XX, a arquitetura de capelas e igrejas interioranas foi incorporando, segundo ritmo e grau variados, as idéias que então iam surgindo nos centros maiores; o neoclássico, o neogótico, o estilo ‘art déco francês’... / E a partir da segunda metade do século XX tais construções passaram a exibir decisivas modificações simplificadoras quanto à estrutura, volumes e elementos de decoração, decorrentes das novas orientações adotadas pelo Clero católico. As igrejas das cidades do interior retratam toda essa evolução e mostram que a simplicidade, a harmonia e a manutenção de traços de origem muito antiga constituem verdadeiras características da arquitetura sacra brasileira”.
Veja mais aqui:

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Elementos arquitetônicos da Igreja Matriz de Guaraci

Sabe-se que é um sistema de símbolos que veste a arquitetura das igrejas e as configuram. Como arte, vale aqui destacar do conjunto arquitetônico de nossa matriz, alguns elementos da arquitetura gótica/neogótica e a maneira como foram empregados. Alguns elementos destas artes foram difundidos pelas novas possibilidades criadas com o advento do aço e do concreto armado nas construções.

Elementos da arquitetura gótica, revividos na neogótica, presentes em nossa matriz:

1. A abóbada em formato de ogiva;
2. Os arcos ogivais, tanto como moldura dos vitrais externos como internamente entre as colunas dispostas na nave; nos arcos que sustentam a abóbada ogival e os três arcos do ‘nártex’ externo da fachada; 
3. As rosáceas ou vitrais circulares dispostas sobre todo o corpo superior da nave, e a que complementa a fachada, o óculo;
4. Os pináculos dispostos na extremidade superior dos cantos externos das paredes e no cume da torre, empregados como ornamentos.
5. As bandas ornamentais em relevo, vindas dos entre arcos lombardos.

                                                 A abóbada de ogiva
A abóbada de nossa igreja é gótica porque apresenta o perfil de uma ogiva



Abóbada em ogiva

Os arcos ogivais

Os arcos ogivais são elementos de referência na arquitetura gótica das igrejas.
 


Arcos ogivais nas molduras das janelas

Vista interna da igreja com arcos ogivais entre colunas na lateral da nave, na base da abóbada e no altar

Arcos em ogiva presentes na fachada


Os pináculos

Os pináculos empregados em nossa igreja têm seu corpo em forma piramidal com uma esfera encerrando seu pico e um triângulo equilátero em sua base. Eles rematam todos os cantos das paredes externas. Os pináculos são muito difundidos como ornamentos e são considerados elementos da arte gótica, que valorizam a verticalidade.
 
Pináculos rematam os cantos das paredes


Rosáceas ou vitrais circulares 

Os vitrais tipo rosácea são elementos arquitetônicos ornamentais usados nas igrejas, notadamente nas góticas e neogóticas. Na fachada, um óculo em forma de rosácea também representa um elemento da arte gótica.



 Rosácea da fachada (Óculo)





Rosáceas em toda a extensão da parte superior da nave




                                               Bandas decorativas


As faixas em relevo verticais em forma de arcos ou bandas ornamentam as paredes externas das igrejas católicas imitando o entre arcos lombardos ou as ‘lesenas’, desde o período românico. São muito utilizadas para realçar formas sob o beiral do telhado. No caso da nossa matriz, a ornamentação reforça a imagem da forma de um frontão, avivando o triângulo interrompido. Recurso decorativo usado também no estilo gótico.



Exemplo de bandas lombardas
 
Nártex da fachada

Fachada

O nártex exterior ou “alpendre”, à frente da fachada, é sustentado por colunas retangulares, seguindo a mesma forma das colunas da nave. Os arcos ogivais entre as colunas e seus capitéis retangulares integram o equilíbrio das formas presentes. Um frontão triangular interrompido ladeado por dois pináculos, e acompanhado por bandas lombardas em relevo, completam a frente do nártex. A parede da nave que sustenta a torre mostra o óculo em rosácea. Há ainda nesta parede a intenção de se desenhar dois novos frontões triangulares descontinuados, desta vez acompanhando a forma das empenas interrompidas do telhado, ideia esta, reforçada pelas bandas lombardas.
 
                                               Fachada da Matriz


A torre sineira quadrangular apresenta três pares de vitrais alongados, terminados em arcos ogivais e simetricamente distribuídos. A verticalidade da torre é interceptada por duas lajes que a divide, para centralizar o relógio na parede. Estas lajes aparecem cercadas por pequenos pináculos em todos os seus cantos. A torre termina com uma cobertura em forma pirâmide, e triângulos baixos valorizando sua base. E por fim, uma grande cruz, hoje iluminada em neon, completa a fachada de nossa querida Matriz.